Tecnologia blockchain combate falsificações na indústria farmacêutica
A tecnologia blockchain está ganhando força no setor farmacêutico, oferecendo respostas a problemas que, por muito tempo, geraram desafios. Falsificação de medicamentos, falta de transparência na logística e segurança na gestão de dados são algumas das questões que essa solução busca enfrentar.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10% dos medicamentos distribuídos globalmente são falsificados, totalizando bilhões de reais. No Brasil, a situação é ainda mais preocupante: em alguns setores, essa porcentagem pode chegar a 20%. Isso revela uma realidade alarmante que afeta tanto a saúde pública quanto as finanças do setor.
“A indústria farmacêutica ainda lida com problemas estruturais que prejudicam todo o segmento. A tecnologia está abrindo novas portas para a comercialização de patentes e aceleração da inovação”, comenta André Carneiro, CEO da BBChain, que se especializa em soluções de blockchain para empresas.
A introdução dessa tecnologia promete ajudar na redução das falsificações, possibilitando uma rastreabilidade completa. A cadeia de suprimentos do setor é complexa e, infelizmente, suscetível a fraudes. A falta de integração entre os distintos agentes da cadeia — desde a produção até a distribuição — pode resultar em erros, perdas de dados importantes e dificuldade de controle sobre os medicamentos.
Com o uso do blockchain, será possível verificar a autenticidade dos insumos e monitorar, em tempo real, cada etapa da distribuição. Isso também contribui para proteger dados sensíveis de pacientes, pesquisas e melhorar a conformidade dos processos do sistema de saúde como um todo.
Para o consumidor, esses problemas representam riscos diretos à saúde, como a possibilidade de consumir remédios falsificados ou ineficazes. Para a indústria, a realidade não é menos preocupante: falhas podem resultar em grandes perdas financeiras e danos à reputação, além de criar barreiras para a inovação. “Com o blockchain, conseguimos criar um ecossistema confiável, com registros que não podem ser alterados, conectando todas as etapas da cadeia e garantindo segurança tanto para os produtos quanto para médicos e pacientes”, completa Carneiro.
Os benefícios da implementação do blockchain no setor farmacêutico
Um dos grandes benefícios do blockchain é o uso de tokens para certificar, de maneira automatizada, cada lote de medicamentos. Além disso, essa tecnologia permite a tokenização de ativos de pesquisa e patentes, o que facilita o licenciamento e a monetização de descobertas científicas. “A tokenização traz liquidez a um setor que, historicamente, é burocrático na transferência ou licenciamento de inovações científicas”, destaca Carneiro.
Outra vantagem importante é a gestão dos dados dos pacientes. Com o blockchain, eles podem ter controle sobre quem tem acesso ao seu histórico médico, mesmo quando se trata de plataformas diferentes. Isso garante privacidade, reforçando o consentimento digital e reduzindo a exposição indevida de informações clínicas, tudo apoiado por protocolos de criptografia avançada.
Nesse cenário, um projeto interessante é o Ptah, um framework de privacidade desenvolvido pela equipe da BBChain. Ele oferece uma base estratégica para criar redes blockchain seguras e com foco em privacidade, governança, interoperabilidade, segurança e conformidade regulatória. A ideia é permitir a formação de redes confiáveis, priorizando a proteção dos dados desde o início e facilitando a integração com outros sistemas.
No setor farmacêutico, por exemplo, o Ptah pode ajudar a rastrear medicamentos, automatizar processos exigidos por órgãos reguladores, proteger informações sensíveis e facilitar a troca de dados entre os envolvidos na cadeia de saúde, seja operando em blockchain ou com sistemas já existentes.
Essas iniciativas refletem uma necessidade crescente de transformação digital na saúde, promovendo um novo nível de transparência e segurança. Além disso, colocam os pacientes em uma posição mais ativa em relação aos seus dados, enquanto reforçam a eficiência regulatória e a inovação no setor como um todo.